História dos Bombeiros Voluntários no Brasil e no Mundo.

Bombeiro Voluntário é a pessoa que, embora tenha recebido treinamento de bombeiro, não exerce esta atividade como profissão, fazendo-a sem remuneração por escolha própria. Por isso são chamados de voluntários e não bombeiros comunitários pois no trabalho comunitário, apesar de também ser feito sem remuneração, sua motivação normalmente decorre de outros motivos como determinações judiciais, credos religiosos, entre outros.

História

Embora atualmente transcendam a atividade de combate e prevenção de incêndios, atuando também em diversas ações de busca, resgate e salvamento, bem como ações de defesa civil o serviço de bombeiros teve sua origem quando o homem primitivo abandonou as cavernas e passou a formar pequenos núcleos de população, levando consigo o fogo para trazer-lhe segurança, e bem-estar. Contudo o homem passou também a ter que se prevenir ou realizar ações de emergência, pois às vezes o fogo voltava-se contra ele. Dessa forma, o homem primitivo teve de regular o uso do fogo, inclusive tendo de estabelecer vigilância sobre o povoado enquanto se ausentava para buscar alimentos.[1] Tal serviço de vigilância não era remunerado, nem tampouco ligado a qualquer organização, mas decorria da necessidade de todos, dessa forma, pode-se estabelecer que os primeiros a desempenhar funções de serviço de incêndios foram voluntários.

Com o passar dos anos o serviço foi sendo aperfeiçoado conforme novos incêndios iam acontecendo, até que em 22. a.C um grande incêndio devastou a capital do Império Romano levando o Imperador César Augusto a criar um grupo pessoas que seriam responsáveis pela segurança de Roma, os "vigiles" sendo este considerado o primeiro corpo de bombeiros a ser criado[2].

No mundo

Nos Estados unidos apenas 9% dos bombeiros são contratados, o restante é voluntário.

No Chile, país onde foi registrado o maior tremor de terra do planeta, com 9,5 graus, 100% dos bombeiros são voluntários e mesmo assim o país tem cerca de 2,2 bombeiros para cada mil habitantes, enquanto no Brasil a proporção é de 0,5 bombeiro para cada mil habitantes.[3]

Em Portugal mais de 90% dos 30.000 bombeiros portugueses são voluntários. Estima-se que as associações de bombeiros voluntários surgiram em Portugal há 650 anos. A Liga dos Bombeiros Portugueses declarou em 2016 que o orçamento do Estado para bombeiros é insuficiente para manter corpos de bombeiros profissionais e que, com o orçamento atual, não daria para manter sequer dois deles.[4]

No Brasil

No Brasil o serviço de bombeiros é exercido em grande maioria das vezes por meio de Corpos de Bombeiros Militares ligados ou não às respectivas polícias militares dos estados ou do Distrito Federal, contudo apenas 14% dos 5.570 municípios tem Corpos de Bombeiros Militares [5] com isso algumas cidades optaram pelo serviço de Bombeiros Civis Profissionais ou Voluntários

A Trajetória Histórica dos Bombeiros Voluntários No Brasil o serviço de bombeiro mais conhecido é o militarizado. Porém também existe o brigadista, empregado em locais de público/grandes empresas, que participa de atendimento público como voluntário ou contratado, ou ainda como funcionário municipal. Menos de 350 cidades possuem bombeiros militares empregados, sendo que existem mais de 5.500 municípios no País. A solução, principalmente na região sul do País, tem sido os bombeiros civis, que atuam como voluntários em ONGs. Os projetos de bombeiros comunitários, com parceria entre o Corpo de Bombeiros Militar e os Municípios, cria as condições necessárias para a efetivação do serviço. O projeto se destina aos municípios que possuem índice menor de ocorrências, para dar primeira resposta no combate a incêndio à população destes municípios. Para ser bombeiro voluntário se faz necessário procurar um Corpo de Voluntários e submeter-se a treinamento básico para o desempenho das atividades. 1.5.1. Bombeiros Voluntários de Joinville-SC Em 13 de julho de 1892, aos 41 anos de idade e com cerca de 15 mil habitantes, o município de Joinville ativou o serviço de corpo de bombeiros voluntários. Com a crescente prosperidade econômica da cidade, as construções de casas e comércios estavam em prática, e junto a elas começaram os incêndios. Então, com o intuito de proteger a comunidade, surgiu o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville. Os primeiros imigrantes da então colônia Dona Francisca resolveram dar um basta no corre-corre da população com panelas e baldes para acalmar as brasas que consumiam os imóveis de madeira, durante os incêndios. Em 4 de julho de 1891, um incêndio consumiu o comércio do Sr. G. B. Trinks. A população tentou salvar o imóvel, mas era quase impossível. Um ano depois, em 7 de julho de 1892, outro incêndio destruiu a casa do Sr. Henrique Walter. Uma comissão de moradores foi criada. Faziam parte dela os Srs. Frederico Hudler, Wassermann, João Colin, Otto Boehm, August Urban e Otto Gelbke. Seis dias depois deste último incêndio devastador, foi criada oficialmente uma corporação que combateria o fogo. O Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville começou com um presidente, o Sr. Victor Mueller, mais 37 soldados. Somente em 1913 é que o corpo de bombeiros voluntários instalou-se em sede própria. Com os lemas “Um por todos e todos por um” e ‘Em nome de Deus e em defesa do próximo” é que os voluntários prestavam preciosos serviços à comunidade. Era exigência da corporação que todo soldado fosse honesto e másculo. Sobriedade, pontualidade, perseverança, disciplina e obediência hierárquica eram obrigações de um soldado. Durante a Segunda Guerra Mundial, o CBVJ foi a única instituição de origem alemã no Brasil a permanecer em funcionamento, com reconhecimento de sua utilidade pública. Até 1972 o corpo de bombeiros era apenas composto por voluntários. Com o desenvolvimento urbano de Joinville, foi criada uma equipe fixa e remunerada. Os voluntários passaram a ser incorporados nos sinistros de maiores proporções. Hoje, os bombeiros funcionam com a indispensável função de segurança, em qualquer emergência. Deixaram a muito tempo de atuar somente nos casos de incêndio. Possuem equipamentos e automóveis de alta tecnologia, e representam a garantia de salvação e defesa tanto de patrimônios materiais, como de vidas. CBMGO/História da Corporação página 8/24 Principais fatos: – 1892: criação oficial do CBVJ, em 13 de julho; – 1893: chegava a primeira bomba manual e eram realizados os primeiros exercícios de capacete e cinto; – 1895: em 11 de fevereiro aconteceu o primeiro incêndio onde a corporação tomou parte ativa; – 1913: o CBVJ ganha sua primeira sede própria, na Rua Jaguaruna; – 1923: o CBVJ faz acordo com os donos de “autos-de-praças”, onde sempre que houvesse uma ocorrência os bombeiros poderiam ser deslocados sem qualquer despesa; – 1926: o CBVJ adquire o primeiro caminhão, da marca Chevrolet; – 1927: a Prefeitura de Joinville doa o segundo caminhão ao CBVJ; – 1938 a 1945: o CBVJ foi a única instituição de origem alemã da cidade que não foi extinta com a campanha de nacionalização; – 1940: adotado o sistema de sirene central. – 1942: mesmo com a campanha da nacionalização, o CBVJ estava ainda solidificado com 2 caminhões, 80 soldados treinados e 260 sócios-contribuintes; – 1952: pior crise financeira do corpo de bombeiros, sendo então criada uma diretoria administrativa, somente para cuidar dessa área; – 1954: ativado o novo quartel em construção desde 1952, que substituiu o inaugurado em 1913; – 1970: abolida a sirene e se inicia um trabalho de guarnição de bombeiros para plantão permanente. Até então, os bombeiros eram convocados para as ocorrências por meio de sinal sonoro, que na época podia ser ouvida em qualquer canto de Joinville; – 1972: criação da primeira equipe remunerada do CBVJ; – 1977/1978: acontece em Joinville uma onda de incêndios criminosos, que abalaram a cidade; – 1987: a Associação Comercial e Industrial de Joinville assume a responsabilidade da administração e manutenção do CBVJ; – 1991: obtenção, por doação, de 10 novas viaturas. – 1992/1993: acontecem os festejos do primeiro centenário do CBVJ. 1.5.2. Bombeiros Voluntários de Concórdia-SC No município de Concórdia, a empresa Sadia prestava socorro para atendimentos à população. O diretor da empresa na época, o Sr. Juraci Lopes da Silva, percebeu que a cidade estava crescendo e a empresa não conseguia mais atender a demanda de ocorrências. Na época havia somente um carro tipo jipe, que atendia a sociedade em geral. Foi então que se reuniram com a prefeitura local e empresários da cidade para formar o Corpo de Bombeiros Voluntários de Concórdia. Com o Sr. Juraci como presidente, em 6 de novembro de 1979 foi fundado o Corpo de Bombeiros na cidade, sendo uma entidade sem fins lucrativos, que visava o atendimento de urgência e emergência à população em geral. No entanto, ficou somente no papel por alguns anos. Em 1982, o Sr. Júlio César Mocelin colocou o Corpo de Bombeiros na ativa. Foi eleita uma diretoria e escolhido o comandante e subcomandante. Foi a partir desse comando que se formou a escola de treinamento para voluntários, por meio de equipamentos emprestados pela Sadia. A Prefeitura Municipal de Concórdia contribuiu gradativamente para a formação da associação, doando inicialmente o pátio de sua garagem como sede para o estabelecimento. O primeiro caminhão de combate a incêndio foi cedido pelo Defesa Civil do Estado, sendo que a Prefeitura cedeu 4 funcionários para atuarem como bombeiros. A Corporação atendia inicialmente somente incêndios a acidentes, tanto na cidade de Concórdia como nas cidades vizinhas. Nesta época foram realizadas inúmeras viagens de transportes de pacientes doentes para os grandes centros. Através de diversas doações, do Estado, da Prefeitura, da Secretaria da Saúde, foram adquiridos mais caminhões de combate a incêndio, com a cidade em crescimento constante. Em 1992 foi construído o Posto I, na localidade de São Cristóvão e, em 1994 o Posto II, em Santo Antônio. Para a obra, a comunidade ajudou na arrecadação de verbas através de pedágios. Por volta do ano de 1993 foi implantado o FUNREBOM, receita adquirida por meio de atividades técnicas, que implantou o alvará, a vistoria e prevenção de incêndio nas empresas. A sede atual foi construída através de doações na conta da luz e de recursos CBMGO/História da Corporação página 9/24 da comunidade, sendo inaugurada em 6 de novembro de 2000. A partir desse momento, iniciou-se a contratação de bombeiros através da sociedade.

Fonte: CBMGO/História da Corporação e ASBSBV.

https://www.bombeiros.go.gov.br/wp-content/uploads/2017/06/HIst%C3%B3rico.pdf

Apesar de os Bombeiros Civis no Brasil inicialmente terem sido criados para o atendimento a indústrias e aglomerações como shows e shoppings, com a necessidade de se prestar o serviço para a comunidade também nas ruas, foram criados Corpos de Bombeiros Voluntários.

No Sul do Brasil

A Associação Sul Brasileira de Socorristas e Bombeiros Voluntários, atua como uma organização não governamental associativa que reúne diversas organizações de socorristas e bombeiros voluntários, promovendo ações no desenvolvimento deste serviço voluntário e atuando também em situações de calamidade e catástrofes em parceria com diversas outras organizações e países, promovendo ações voluntárias na área de emergência, comum em mais de 90% dos países do mundo.

No Espírito Santo

Os Bombeiros Voluntários de Santa Maria de Jetibá, há mais de uma década, exercem atividades de prestação de serviço à comunidade local e às cidades vizinhas.

Em Santa Catarina

Os Bombeiros Voluntários de Joinville, criado em 1892, são a mais antiga corporação civil de bombeiros no Brasil, com mais de 120 anos, sendo que atualmente dois a cada 3 bombeiros de Joinville são voluntários.

Bombeiros Voluntários de Ipumirim.

Bombeiros Voluntários de Irani.

No Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul o serviço de bombeiros civis voluntários é regulado pela Voluntersul na qual constam como associadas as associações[6]:

CBV Garibaldi;

CBV Campinas do Sul;

CBV Nova Petrópolis;

CBV São Sebastião do Caí;

CBV Cadelaria;

CBV Tapejara

CBV Marau

CBV Sobradinho

CBV Teutonia

CBV Rolante

CBV Jacutinga

CBV Carlos Barbosa

CBV Tapes

CBV Serafina Correira

CBV Igrejinha

CBV Charqueadas

CBV Paço do Sobrado

CBV São José do Ouro

CBV Picada Café

CBV Arvorezinha

CBV Eldorado do Sul

CBV Harmonia

CBV São José Hortêncio;

CBV Barracão

CBV Agudo

CBV Baqueirão do leão

CBV Salvador do Sul e São Pedro da Serra;

CBV Imicol

CBV Paraíso do Sul

CBV Faxinal Noturno

CBV Sananduva

CBV Parque Eldaorado

CBV Machadinho

CBV Butiá

CBV Ronda Alta

Força tarefa GAC

Em São Paulo

Apesar de São Paulo possuir a melhor legislação de prevenção de incêndios do país[7] e de seus bombeiros estarem constantemente entre os melhores, é um estado com poucas unidades de Bombeiro Civil Profissional ou Voluntário.

Em Sâo Paulo as associações do Sistema GBCV[8] representam a maior parte das unidades oficialmente instaladas para serviço de Bombeiros Civis Voluntários. O sistema foi fundado em 2012 e permanece em atividade nas unidades:

CBCV - Osasco - Instituto de Bombeiros Voluntários do Estado de São Paulo

GBCV Várzea Paulista;

GBCV Campo Limpo paulista;

GBCV Baixa Mogiana;

GBCV Alta Sorocabana.

Referências

↑ VOLUNTERSUL. «Bombeiros Voluntários» 

↑ ENBC, Esquadrão Nacional de Bombeiros Civis e Voluntários. «Breve História Sobre os Bombeiros» 

↑ EMERGÊNCIA NEWS. «Emergência News entrevista bombeiro chileno» 

↑ OBSERVADOR. «Como é ser bombeiro em Portugal» 

↑ G1, Fantástico. «Reportagem G1» 

↑ VOLUNTERSUL. «Corporações» 

↑ GOVERNO DE SÃO PAULO (2015). Lei Complementar 1.257/2015. São Paulo: [s.n.] 

↑ GBCV. «Institucional GBCV» 

Ligações externas

Liga dos Bombeiros Portugueses

Associação Sul Brasileira de Socorristas e Bombeiros Voluntários - http://www.bombeirosvoluntarios.org